REPRESENTATIVIDADE

Unemat participa do evento ‘O Chamado do Raoni’ com lideranças indígenas de 54 etnias

Evento ocorreu na aldeia Piaraçu, no Parque Nacional do Xingu

Por Nataniel Zanferrari
31/07/2023

(Foto: Nataniel Zanferrari)

A Universidade do Estado de Mato Grosso (unemat) esteve presente no evento ‘O Chamado do Raoni’, realizado entre segunda (24) e sexta-feira passada (28), na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto Jarina, no Parque Nacional do Xingu, no norte do Estado.

Realizado pelo Instituto Raoni, o evento foi capitaneado pelo cacique Raoni Metuktire, liderança indígena de âmbito internacional, e reuniu representantes de 54 etnias dos povos originários brasileiros, incluindo as 16 presentes no Parque do Xingu, além de representantes dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, bem como das esferas federal, estadual e municipal, para discutir questões essenciais às comunidades tradicionais, como marco temporal, mudanças climáticas e saúde e educação voltada para os indígenas, inclusive a de nível superior.

Com mais de 800 indígenas presentes, os três primeiros dias de evento foram direcionados aos povos originários, com participações externas limitadas, sendo os dois últimos dias reservados aos convidados e parceiros.

A Unemat, pioneira na oferta de Ensino Superior específica para indígenas na América Latina, esteve presente, e a reitora Vera Maquêa compôs o dispositivo de honra de encerramento do evento, na sexta-feira (28), ao lado da ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara; da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana; do ministro do Superior Tribunal de Justiça do Brasil (STJ), Herman Benjamin; da secretária nacional de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas, Juma Xipaia; do secretário nacional de Saúde Indígena, Weibe Tapeba; e das deputadas federais indígenas Célia Xakriabá e Juliana Cardoso, bem como do próprio cacique Raoni.

A reitora ressaltou que a Unemat já formou mais de 600 pessoas de todas as etnias presentes no Estado e que, além de ofertar o Mestrado Profissional em Ensino em Contexto Indígena Intercultural, a Universidade também oferece o primeiro curso de Enfermagem especialmente voltado para os os povos indígenas, cujas inscrições encerram na sexta-feira (4).


"Fazer política para os povos indígenas não é uma questão só dos povos indígenas; é uma questão da preservação, da conservação e da possibilidade da continuidade da vida no nosso planeta”, defendeu Vera. “Como disse meu amigo aqui presente, Davi Kopenawa Yanomami, autor do livro ‘A queda do céu’: ‘cuidado, porque o céu pode cair, e quem pode segurar o céu é o povo’. Precisamos conhecer e valorizar a beleza da nossa diversidade e das nossas culturas, pois muitas pessoas do próprio Brasil não conhecem este livro, que é reconhecido e estudado internacionalmente”, explicou a reitora.

Diversas autoridades mundiais manifestaram apoio ao Chamado do Raoni e à luta dos povos indígenas do Brasil, inclusive o  rei Charles III do Reino Unido, que enviou carta ao cacique dizendo que sua voz “tem sido fundamental no Brasil e no mundo em esforços para preservar a Amazônia e em seu apoio aos direitos de todos os povos indígenas”.

No evento, Raoni anunciou as novas lideranças que continuarão seu trabalho. “Eu já fui mais forte e já lutei muito, e agora vocês precisam defender o Xingu e todos os povos indígenas por mim”, discursou o cacique. “Eu pude conversar com os irmãos Villas-Boas, eu pude conversar com marechal Cândido Rondon, eu pude conversar com Juscelino Kubitscheck, eu pude conversar com Lula. Eu falo e luto por todos os povos indígenas, e vocês também devem”, declarou.

Raoni Metuktire será sucedido por um grupo de lideranças indígenas que o acompanha, para que deem continuidade ao seu trabalho, como os líderes Bedai, Belmoron, Beptuk Metuktire, Megaron Txucarramãe, Pekan, Puyu, entre outros, bem como os líderes eleitos e que hoje compõem o Governo Federal. “Elas têm que pensar em todos os povos indígenas, têm que lutar por todos os povos indígenas, tem que defender todos os povos indígenas”, afirmou Raoni, se referindo à presidente da Funai e à ministra dos Povos Originários.

“Estamos hoje aqui não só como lideranças indígenas, mas também como o Estado Brasileiro”, enfatizou a ministra Sônia Guajajara. “Nunca mais um Brasil sem nós”, manifestou a ministra dos Povos Indígenas.

“Volto para Brasília mais forte, ciente da nossa responsabilidade enquanto Governo”, assegurou a presidente da Funai, Joênia Wapichana.

O evento também contou com um momento de discussão e apreciação do protagonismo das lideranças indígenas femininas de diversas etnias em sua força, luta e resistência.

Esse é o segundo encontro realizado pelos povos indígenas em Mato Grosso. O primeiro ocorreu em janeiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19.

Além da reitora Vera Maquêa, a comitiva da Unemat foi composta pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Áurea Ignácio; pelo pró-reitor de Planejamento e Tecnologia da informação, Darlan Guimarães; pelo diretor de Gestão de Regulação do Ensino Superior, Lúcio Lord; pelo diretor da Faculdade Indígena Intercultural, José Wilson Pires Carvalho; pelos professores Adailton Alves da Silva e Mônica Cidele da Cruz, e equipe de apoio.


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